Os personagens de Thunderbolts*, da Marvel, provam que, às vezes, os melhores heróis são aqueles que já pisaram no território dos vilões — ou ainda pisam. Com uma equipe repleta de personagens ambíguos, traços imorais e motivações duvidosas, o filme promete uma aventura onde a linha entre certo e errado é tão tênue quanto a lealdade de seus integrantes. Mas se você é fã desse tipo de protagonista que desafia as regras e conquista o público com seu charme perigoso, a diversão não precisa parar por aí!
O universo dos quadrinhos está repleto de anti-heróis que migraram para as telas do cinema com histórias tão fascinantes quanto explosivas. Desde assassinos impiedosos até vigilantes que jogam sujo, esses personagens provam que a virtude nem sempre veste capa — às vezes, carrega um arsenal de armas, uma pitada de caos e humor.
Prepare a pipoca e mergulhe nesta seleção de 10 filmes onde os protagonistas são tão complexos quanto irresistíveis: vilões? Quase. Heróis? Só quando convém. Puro entretenimento? Absolutamente!
V de Vingança (2006)
V de Vingança, baseado na graphic novel de Alan Moore, é a essência do anti-herói feito cinema. V — um anarquista enigmático de máscara de Guy Fawkes — não busca salvar o mundo, mas destruir um regime opressor, mesmo que isso exija violência e manipulação. Sua moralidade é ambígua: ele é ao mesmo tempo, um tirano contra tiranos e um poeta da destruição.
São diversos os motivos do porquê este é um dos melhores filmes de anti-heróis de todos. Suas camadas éticas, afinal, V desafia o público a torcer por métodos cruéis em nome da liberdade. Se tornou um símbolo atemporal, pois sua máscara virou ícone global de resistência, mostrando o poder de uma ideia. Com espetáculo e profundidade, a narrativa mistura ação estilizada com debates sobre fascismo e justiça.
Nem herói, nem vilão, V é a personificação da pergunta: "Até onde iríamos contra a tirania?" — E é isso que o torna inesquecível.
Watchmen (2009)
Novamente, uma adaptação de Alan Moore. Dessa vez, da revolucionária graphic novel homônima, Watchmen (2009), dirigido por Zack Snyder, desmonta peça por peça o mito do super-herói tradicional, apresentando personagens tão falhos e contraditórios quanto os próprios humanos que juraram proteger.
Ambientado em um universo alternativo mergulhado nos temores da Guerra Fria, o filme nos apresenta vigilantes mascarados que são tudo menos nobres: Rorschach, com seu fanatismo justiceiro, age como um juiz implacável das ruas; Ozymandias, um gênio que manipula a moralidade como quem joga xadrez; e O Comediante, talvez o mais cruel deles, um espelho distorcido que reflete o pior da natureza humana com seu cinismo brutal.
O que torna Watchmen tão essencial para os fãs de anti-heróis é justamente sua recusa em oferecer respostas simples. Aqui, a justiça não é um ideal puro, mas um conceito despedaçado. Ninguém é verdadeiramente "bom". Até o Dr. Manhattan, ser onipotente e aparentemente acima da humanidade, age com uma frieza quase alienígena, deixando o espectador a questionar: o que vale uma vida, ou um milhão delas, quando vistas da perspectiva de um deus?
Deadpool (2016)
Quebrando a quarta parede e todas as regras do politicamente correto, Deadpool reinventou o conceito de anti-herói com um humor ácido e violência. Wade Wilson não é um salvador nobre; é um mercenário sarcástico movido a vingança pessoal, que transforma seu trauma em piadas obscenas e tiros precisos.
Sua falta de pretensão é sua maior virtude. O filme abraça a violência gráfica e o humor ácido dos quadrinhos, mas revela um coração inesperado: por trás das piadas sobre genitália regenerada, há um romance genuíno e uma crítica à indústria que fabrica "heróis" torturados. Ryan Reynolds encapsula perfeitamente o espírito do personagem – um palhaço sangrento que, no fundo, sabe que é parte de uma piada maior.
O Esquadrão Suicida (2021)
James Gunn transformou o esquadrão de vilões da DC em uma explosão de humor sangrento e coração inesperado em O Esquadrão Suicida. Diferente dos heróis tradicionais, essa equipe é um desfile de fracassados: a psicótica Arlequina, o King Shark (um tubarão antropomórfico que adora mastigar amigos), e o patético Polka-Dot Man, cujo poder vem de traumas de infância. A premissa já é um ataque ao moralismo: criminosos enviados em missões suicidas por um governo que é tão corrupto quanto eles.
O filme brilha justamente por abraçar a natureza falha de seus personagens. Enquanto os heróis em Vingadores salvam o mundo com discursos épicos, aqui os "heróis" tropeçam, traem mutuamente, e — quando muito — tentam não morrer.
Guardiões da Galáxia (2014)
Guardiões da Galáxia é um excelente filme de anti-heróis porque subverte a expectativa tradicional de protagonistas nobres e altruístas, apresentando um grupo de personagens falhos, egoístas e moralmente ambíguos que, mesmo assim, conquistam a empatia do público.
Peter Quill, Gamora, Drax, Rocket e Groot são, cada um à sua maneira, marginais – um ladrão, uma assassina, um vingador obsessivo, um experimento genético raivoso e um alienígena limitado em fala. O filme não romantiza seus defeitos; pelo contrário, usa o humor e a dinâmica do grupo para mostrar como suas fraquezas os tornam humanos (mesmo quando não são).
A narrativa os força a cooperar não por um ideal heróico, mas por interesses próprios, e é só por meio das falhas e conflitos que eles acabam fazendo algo maior. A beleza do filme está em como esses "perdedores" se tornam heróis sem deixar de ser quem são – imperfeitos, sarcásticos e, no fundo, profundamente vulneráveis. Essa combinação de irreverência e redenção sem sentimentalismo barato é o que faz deles anti-heróis tão cativantes.
Logan (2017)
Logan é um dos melhores filmes de anti-herói porque despe o conceito de heroísmo até seu núcleo mais cru e humano, apresentando um Wolverine envelhecido, ferido e desiludido, longe do idealizado guerreiro imortal dos X-Men. Aqui, ele é um homem quebrado, consumido pela dor física e emocional, sobrevivendo como motorista de limusine e cuidando de um Charles Xavier frágil e doente.
O filme não glamouriza sua violência: ela é brutal, caótica e carregada de culpa. Logan age por instinto, não por nobreza, e sua jornada é menos sobre salvar o mundo e mais sobre encontrar um último fragmento de redenção em meio ao seu sofrimento.
A relação com a jovem Laura (X-23) força-o a confrontar seu passado e sua própria natureza, mas sem discursos grandiosos ou transformações mágicas. O filme aceita sua escuridão, permitindo que, mesmo em seus atos mais egoístas ou autodestrutivos, ele permaneça profundamente humano. É essa combinação de vulnerabilidade e violência, sem concessões ao heroísmo tradicional, que faz de Logan uma obra-prima do gênero anti-herói.
Venom: A Última Dança (2024)
Venom: A Última Dança funciona como um bom filme de anti-herói porque abraça completamente a dualidade caótica e amoral de Eddie Brock e Venom, sem tentar forçá-los a serem heróis convencionais.
Diferente de outras histórias de super-heróis, onde o protagonista luta pelo bem maior, aqui o foco está no relacionamento disfuncional e quase cômico entre um jornalista falido e um simbionte alienígena que adora devorar pessoas – mas com certos "limites éticos" questionáveis.
O filme não se leva muito a sério, misturando violência absurda com humor ácido, destacando a natureza contraditória do personagem: ele é um monstro que tenta (mal) se adaptar à humanidade, mas nunca perde totalmente sua essência predatória.
A dinâmica entre Eddie e Venom oscila entre parceria e parasitismo, criando um equilíbrio entre ameaça e comicidade que define o espírito do anti-herói. Além disso, o filme explora a ideia de que redenção não é obrigatória – Venom não precisa se tornar um salvador, somente encontrar seu próprio lugar num mundo que o rejeita.
Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008)
Batman: O Cavaleiro das Trevas redefine o próprio conceito do Batman, mostrando-o não como um herói triunfante, mas como uma figura sombria e sacrificial que opera nos limites da moralidade.
Christopher Nolan mergulha no conflito interno de Bruce Wayne, que, mesmo lutando pelo bem, precisa recorrer a métodos questionáveis, como espionagem, violência extrema e manipulação, para combater um mal que não joga pelas mesmas regras.
O filme explora o custo pessoal de ser um "herói", especialmente quando o Cavaleiro das Trevas é constantemente comparado ao justiceiro idealizado que o público de Gotham acredita ser Harvey Dent. A presença do Coringa amplifica essa ambiguidade, forçando Batman a confrontar sua própria escuridão e a perceber que, às vezes, vencer exige não somente derrotar o vilão, mas abraçar a própria vilania para manter a esperança viva. A célebre decisão final de assumir a culpa pelos crimes de Dent consolida Batman como um verdadeiro anti-herói: um homem disposto a sacrificar sua reputação e integridade pelo bem maior, mesmo que isso o transforma no vilão da história. É essa complexidade ética, somada à atuação visceral de Christian Bale e à narrativa sombria, que faz do filme um bom exemplo do gênero.
Constantine (2005)
Constantine apresenta John Constantine como um protagonista profundamente falho, cínico e movido por interesses egoístas, mesmo quando luta contra forças sobrenaturais.
Diferente de heróis tradicionais, ele não age por altruísmo puro, mas por uma mistura de culpa, desespero e um desejo calculista de barganhar seu lugar no céu. Sua personalidade sarcástica e seu desdém pelas regras – sejam humanas ou divinas – reforçam sua natureza marginal, enquanto seu vício e autodestruição mostram um homem que já perdeu quase tudo e luta mais por redenção do que por justiça.
O filme não romantiza seu sacrifício; pelo contrário, destaca sua relutância em ser um "herói", tornando sua jornada mais sombria e humanamente complexa. A ambiguidade moral do personagem, preso entre o céu e o inferno sem pertencer a nenhum dos dois, é o que faz de Constantine tão cativante: um homem que, mesmo salvando o mundo, nunca deixa de ser um pecador pragmático e cansado da guerra entre o bem e o mal.
Sin City: Cidade do Pecado (2005)
Sin City: Cidade do Pecado é um filme icônico de anti-heróis porque mergulha em um universo moralmente corrupto onde os protagonistas não são nobres salvadores, mas homens marcados por violência, vingança e contradições.
Marv, Hartigan e Dwight não combatem o crime por justiça, mas por obsessão, culpa ou um código pessoal distorcido, e muitas vezes tão brutais quanto os vilões que enfrentam. O visual em preto e branco com contrastes sangrentos reflete a dualidade desses personagens: não há pureza em Sin City, somente tons de degradação e redenção manchada. O filme não julga seus protagonistas; ele os coloca em situações extremas onde a única "heroicidade" possível nasce de sua capacidade de ser pior do que a escuridão que os cerca.
A narrativa hiper estilizada e os diálogos carregados de noir reforçam que, nesta cidade, até os "bons" são falhos, cínicos e, frequentemente, condenados. É essa recusa em suavizar seus personagens – mantendo-os cruéis, patéticos e tragicamente humanos – que faz do filme uma celebração perfeita do anti-herói.
Onde assistir a filmes de anti-heróis como Thunderbolts*?
Abaixo, saiba onde assistir a filmes de anti-heróis baseados em histórias em quadrinhos após assistir a Thunderbolts*. Os títulos estão disponíveis online, em streaming em diversas plataformas como Netflix, Prime Video, Disney + e mais.