A série Twin Peaks, criada por David Lynch e Mark Frost, é uma experiência cinematográfica única que mistura mistério, terror e surrealismo – mas sua cronologia pode confundir até os fãs mais dedicados.
Entre a série original (1990-1991), o filme Os Últimos Dias de Laura Palmer (1992), a sequência The Missing Pieces (2014) e o revival Twin Peaks: O Retorno (2017), a dúvida é inevitável: qual a ordem ideal para assistir?
Este guia explica o jeito certo de mergulhar no universo da pequena cidade onde "as corujas não são o que parecem" – seja você um iniciante ou querendo revisitar a obra de Lynch.
Atenção: para total entendimento, é preciso assistir na ordem abaixo. Pode parecer que faz sentido, por exemplo, assistir à prequela primeiro, mas não fará sentido sem assistir às duas temporadas antes.
1. Twin Peaks – Primeira temporada (1990)
Em 1990, Twin Peaks revolucionou a televisão ao misturar drama policial e surrealismo sobrenatural. A trama começa com a descoberta do corpo de Laura Palmer, uma estudante aparentemente perfeita, na pacata cidade de Twin Peaks. O excêntrico agente do FBI Dale Cooper (Kyle MacLachlan) assume o caso, usando métodos não convencionais que revelam segredos obscuros por trás da fachada idílica.
Entre sonhos premonitórios, personagens peculiares como a Log Lady e a misteriosa entidade Bob, a série constrói uma atmosfera única de suspense psicológico. Com direção marcante de David Lynch, a primeira temporada (8 episódios) termina com revelações chocantes e um cliffhanger enigmático, preparando o terreno para o restante da saga. Mais que um "whodunit", Twin Peaks explora o mal que se esconde sob a superfície da perfeição.
2. Twin Peaks – Segunda temporada (1990 - 1991)
A segunda temporada de Twin Peaks começa com o impacto do ataque ao Agente Cooper, mergulhando ainda mais fundo no mistério que envolve a cidade. A grande revelação sobre o assassino de Laura Palmer, ainda no início da temporada, divide opiniões – até David Lynch considerou prematura a resposta.
Sem seu mistério central, a série explora novos caminhos: o passado sobrenatural de Twin Peaks, com o Black Lodge e suas entidades enigmáticas, tramas laterais excêntricas e, finalmente, o retorno do horror genuíno no arco final.
O último episódio, dirigido por Lynch, é um mergulho alucinante no Black Lodge, com imagens que permanecem assombrando os fãs. Apesar de altos e baixos narrativos, o final abre portas para o revival de 2017, solidificando o legado da série como uma experiência televisiva única e inquietante.
3. Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer (1992)
Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer revela os últimos sete dias de Laura Palmer, transformando a vítima do mistério original em protagonista de sua própria tragédia. David Lynch esmiúça a dupla vida da jovem - estudante, modelo por dia, viciada e sexualmente abusada à noite - com uma crueza que contrasta com o tom surreal da série.
Sheryl Lee entrega uma atuação devastadora, mostrando Laura em espiral entre o desespero silencioso e gritos de socorro através de seu diário. O filme expõe o horror íntimo por trás do mito da cidade, onde o sobrenatural (Bob) e o psicológico (Leland) se fundem.
Mais que uma prequela, é um estudo sobre trauma e as máscaras sociais que escondem o verdadeiro sofrimento. A cena final, com o anjo aparecendo para Laura no Black Lodge, permanece uma das imagens mais perturbadoras e poéticas do cinema de Lynch.
4. Twin Peaks: The Missing Pieces (2014)
Essa coleção de cenas excluídas de Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer revela um Twin Peaks alternativo, onde momentos cruciais foram sacrificados pelo ritmo do filme final.
Seguimos o agente Desmond em Deer Meadow, testemunhamos encontros sobrenaturais entre Jeffries e Briggs, e vemos Laura Palmer em cenas cotidianas que tornam sua tragédia mais pungente. Estas filmagens esquecidas formam um mosaico narrativo independente - mais melancólico que o filme, com humor mais ácido e mitologia mais densa.
Cenas como Laura dançando na floresta com James ou a sequência com o Anão oferecem novas camadas ao mistério. Não são sobras, mas peças de um quebra-cabeça maior que ecoa em Twin Peaks: The Return, mostrando como Lynch trabalha por subtração.
5. Twin Peaks: O Retorno (2017)
A terceira temporada de Twin Peaks transcendeu qualquer expectativa, transformando-se numa obra de arte audiovisual que redefiniu narrativas. David Lynch conduz o espectador por 18 episódios que misturam nostalgia, terror existencial e humor absurdo, enquanto o Agente Cooper vive três realidades paralelas: como o inocente Dougie Jones, o perverso Mr. C, e finalmente sua versão verdadeira em busca de redenção.
A temporada expande o mito de Laura Palmer para dimensões cósmicas, desde cenas surreais na Las Vegas dos anos 2010 até a perturbadora origem do mal no teste nuclear de 1945 – o fatídico “episódio oito”.
Com um final aberto que ainda gera debates, O Retorno não entrega respostas, mas uma experiência sensorial única – onde cada frame, som ou silêncio proposital compõe um quebra-cabeça infinito sobre identidade, tempo e trauma. Mais que TV, é cinema puro na tela pequena.
6. Livros
Existem dois livros relacionados a Twin Peaks, A História Secreta de Twin Peaks e Twin Peaks: The Final Dossier, que podem ser lidos em qualquer momento, mas não são necessários para a compreensão da série e do filme
Onde assistir aos filmes e séries de ‘Twin Peaks’?
Abaixo, saiba onde assistir online, em streaming, aos filmes e séries de Twin Peaks.